Sepé
Tiaraju
As ruínas de São Miguel assinalam para a
humanidade a presença de uma civilização que a ganância dos homens destruiu.
As conflagrações entre os seres humanos
eclodem quando o volume das paixões regurgita sem que o freio da racionalidade
se imponha ao sentimento.
A guerra é necessária, mas não tem nobreza!
A conquista da nobreza é o ideal para que as
guerras pouco a pouco se traduzam em apontamentos de um passado em que jazem
sepultadas a perversidade e a ignorância humana.
É da natureza humana o instinto de
sobrevivência que impulsiona o homem a defender a própria vida e o seu clã.
As Guerras Guaraníticas, como todas as
demais que têm assolado a Terra, seguem os mesmos caminhos registrados pela
história de progressos que surgem dos escombros das civilizações arrasadas e
das vidas ceifadas precocemente nos campos de batalha.
v O que foram as Guerras
Guaraníticas?
Suas atitudes no comando das tribos eram
mais eficazes e tocantes aos corações do que os sermões que eram proferidos na
liturgia das missas. O “guardião de pele vermelha” trazia consigo grande
responsabilidade.
v Quem foi Sepé Tiaraju?
Qual era o seu papel na Redução de São Miguel Arcanjo?
v O que eram as Missões
Jesuíticas?
v Qual era o trabalho
realizado pelos padres naquele local?
Sepé aconchegou-se à fogueira, que naquelas
épocas queimava continuamente, esfregou as palmas das mãos e aproximou-se das
brasas para se aquecer. [...]
v Como era a vida dos
índios nas missões ou reduções? Por que estavam naquele local?
A visão que se estendia em torno das ruínas
era tenebrosa. O fogo consumira as casas e as paredes enegrecidas da imponente
catedral era um momento tétrico da morte, registrando os sinais da crueldade
que ali passara na sanha conquistadora, semeando morte e destruição.
v Como teve fim São Miguel
das Missões? O que ocorreu com os silvícolas que ali pereceram?
Histórias na tribo
O cântaro de Tupã
Naquela manhã de outono,
o sol espiava tímido por entre as nuvens. A chuva torrencial da noite
anterior fizera a temperatura cair bastante.
E o vento que assoviara
de forma incessante, retorcendo as copas das árvores, transformara-se em
uma brisa gelada, que fizera com que as crianças não saíssem aos pátios da
redução.
Silêncio naquela hora do
dia era algo que somente acontecia nessas circunstâncias, porque a
algazarra dos pequenos era sempre uma música alegre, presente em cada
manhã.
Sepé atravessou a praça
e entrou no cotiguaçu.
Sua silhueta
recortando-se contra a claridade da porta atraiu, de imediato, a atenção
dos pequenos e das mulheres.
Apesar da figura
imponente, da estatura elevada e da própria função que exercia em São
Miguel – cacique – a sua presença não era temida e nem causava inibição,
mas sempre era acolhido com respeito e carinho.
Eles sabiam o que o
cacique vinha fazer, porque era comum nos dias de inverno e nos períodos de
chuva que eles os visitasse.
Correram de todos os
lados, as crianças e os adultos, e foram logo formando uma grande roda em
torno dele.
Sepé assentou-se à moda
índia, com as pernas cruzadas, enquanto dois ou três pequenos curumins
pulavam para ganhar o seu colo. Sabiam que uma bela e cativante história
seria contada! Os olhinhos brilhavam e as vozes calaram assim que ele
iniciou a narrativa: “Na noite que passou, Tupã abriu o seu cântaro,
deixando cair água para engrossar os rios, molhar a terra e fazer crescer
as plantas.
Sabem, Tupã tem um
cântaro cheio de água! Quando ele olha para a Terra e vê que os rios estão
secando, as plantas murchando, ele abre o cântaro e deixa a água escorrer.
As nuvens são algodões que recebem a água e a distribuem para que ela caia
com leveza sobre o mundo.
Os pequenos batiam
palmas e acompanhavam com viva atenção cada palavra dita.
“Mas, dizia ele, Tupã
também criou um lugar na Terra onde só ele pode ir. Neste lugar, algumas
vezes, sem que ninguém veja, ele vem recolher toda a água que sobra dos
rios, da terra, das plantas e retorna para o seu reino, com o cântaro
cheio, esperando o momento de novamente enviar água para a Terra.
É por isto que nós
devemos cuidar das águas e da terra para que a água que Tupã vier buscar
não seja suja, nem com veneno, nem malcheirosa. Porque senão, ao abrir o
cântaro, choverá sobre a Terra água ruim...
A água de Tupã é pura e
assim devemos conservá-la para que o seu cântaro dela se encha. Nós somos
as sentinelas do cântaro de Tupã!”
Assim, aquele cacique
contava histórias ensinando às crianças o respeito à natureza que, para os
guaranis, era sagrada!
|
v Que reflexão
esta história nos traz? Que valores podem ser aprendidos?
v A
partir desta leitura que visão você tem sobre a vida nesta comunidade?
Para encerrar:
v Construa
um vocabulário com todas as palavras presentes nesta folha e nas pesquisas que
você desconheça o significado e escreva ao lado.
Sepé
continuava marchando ao encontro da liberdade...
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