quarta-feira, 8 de abril de 2020

Uma figura lendária da História do Rio Grande do Sul



Sepé Tiaraju
   As ruínas de São Miguel assinalam para a humanidade a presença de uma civilização que a ganância dos homens destruiu.
   As conflagrações entre os seres humanos eclodem quando o volume das paixões regurgita sem que o freio da racionalidade se imponha ao sentimento.
   A guerra é necessária, mas não tem nobreza!
   A conquista da nobreza é o ideal para que as guerras pouco a pouco se traduzam em apontamentos de um passado em que jazem sepultadas a perversidade e a ignorância humana.
   É da natureza humana o instinto de sobrevivência que impulsiona o homem a defender a própria vida e o seu clã.
   As Guerras Guaraníticas, como todas as demais que têm assolado a Terra, seguem os mesmos caminhos registrados pela história de progressos que surgem dos escombros das civilizações arrasadas e das vidas ceifadas precocemente nos campos de batalha.
v O que foram as Guerras Guaraníticas?
  
   Suas atitudes no comando das tribos eram mais eficazes e tocantes aos corações do que os sermões que eram proferidos na liturgia das missas. O “guardião de pele vermelha” trazia consigo grande responsabilidade.
v Quem foi Sepé Tiaraju? Qual era o seu papel na Redução de São Miguel Arcanjo?
v O que eram as Missões Jesuíticas?
v Qual era o trabalho realizado pelos padres naquele local?

   Sepé aconchegou-se à fogueira, que naquelas épocas queimava continuamente, esfregou as palmas das mãos e aproximou-se das brasas para se aquecer. [...]
v Como era a vida dos índios nas missões ou reduções? Por que estavam naquele local?

   Observando as paredes que lutam contra o tempo para se manterem de pé, uma melancolia tolda o nosso coração.


   A visão que se estendia em torno das ruínas era tenebrosa. O fogo consumira as casas e as paredes enegrecidas da imponente catedral era um momento tétrico da morte, registrando os sinais da crueldade que ali passara na sanha conquistadora, semeando morte e destruição.
v Como teve fim São Miguel das Missões? O que ocorreu com os silvícolas que ali pereceram?

Histórias na tribo
O cântaro de Tupã
Naquela manhã de outono, o sol espiava tímido por entre as nuvens. A chuva torrencial da noite anterior fizera a temperatura cair bastante.
E o vento que assoviara de forma incessante, retorcendo as copas das árvores, transformara-se em uma brisa gelada, que fizera com que as crianças não saíssem aos pátios da redução.
Silêncio naquela hora do dia era algo que somente acontecia nessas circunstâncias, porque a algazarra dos pequenos era sempre uma música alegre, presente em cada manhã.
Sepé atravessou a praça e entrou no cotiguaçu.
Sua silhueta recortando-se contra a claridade da porta atraiu, de imediato, a atenção dos pequenos e das mulheres.
Apesar da figura imponente, da estatura elevada e da própria função que exercia em São Miguel – cacique – a sua presença não era temida e nem causava inibição, mas sempre era acolhido com respeito e carinho.
Eles sabiam o que o cacique vinha fazer, porque era comum nos dias de inverno e nos períodos de chuva que eles os visitasse.
Correram de todos os lados, as crianças e os adultos, e foram logo formando uma grande roda em torno dele.
Sepé assentou-se à moda índia, com as pernas cruzadas, enquanto dois ou três pequenos curumins pulavam para ganhar o seu colo. Sabiam que uma bela e cativante história seria contada! Os olhinhos brilhavam e as vozes calaram assim que ele iniciou a narrativa: “Na noite que passou, Tupã abriu o seu cântaro, deixando cair água para engrossar os rios, molhar a terra e fazer crescer as plantas.
Sabem, Tupã tem um cântaro cheio de água! Quando ele olha para a Terra e vê que os rios estão secando, as plantas murchando, ele abre o cântaro e deixa a água escorrer. As nuvens são algodões que recebem a água e a distribuem para que ela caia com leveza sobre o mundo.
Os pequenos batiam palmas e acompanhavam com viva atenção cada palavra dita.
“Mas, dizia ele, Tupã também criou um lugar na Terra onde só ele pode ir. Neste lugar, algumas vezes, sem que ninguém veja, ele vem recolher toda a água que sobra dos rios, da terra, das plantas e retorna para o seu reino, com o cântaro cheio, esperando o momento de novamente enviar água para a Terra.
É por isto que nós devemos cuidar das águas e da terra para que a água que Tupã vier buscar não seja suja, nem com veneno, nem malcheirosa. Porque senão, ao abrir o cântaro, choverá sobre a Terra água ruim...
A água de Tupã é pura e assim devemos conservá-la para que o seu cântaro dela se encha. Nós somos as sentinelas do cântaro de Tupã!”
Assim, aquele cacique contava histórias ensinando às crianças o respeito à natureza que, para os guaranis, era sagrada!


v Que reflexão esta história nos traz? Que valores podem ser aprendidos?
v A partir desta leitura que visão você tem sobre a vida nesta comunidade?
Para encerrar:
v Construa um vocabulário com todas as palavras presentes nesta folha e nas pesquisas que você desconheça o significado e escreva ao lado.




Sepé continuava marchando ao encontro da liberdade...


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